O DESUSO DAS EDIFICAÇÕES FUNERÁRIAS
Resumo crítico elaborado
pela acadêmica Jenifer Laurinda dos Anjos Oliveira, graduanda no curso de
arquitetura e urbanismo do Instituto Federal de Rondônia, Campus Vilhena, tendo como tema “O desuso das edificações
funerárias”, presente no artigo espanhol, La
muerte silenciada: Arquitectura funerária contemporánea, que encontra-se no
livro Actas de Arquitectura Religiosa
Contemporánea.
PÉREZ NAYA, A. M. La muerte
silenciada: Arquitectura funeraria contemporánea. Actas de Arquitectura Religiosa Contemporánea, v. 2, n. 2, p.
99-107, 1 dic. 2011. Disponível em:
<https://doi.org/10.17979/aarc.2011.2.2.5060>. Acessado em 18 de agosto
de 2020.
Por mais simples que
sejam, há poucas culturas que fazem a passagem de seu mortos sem cerimônia ou
pequenos monumentos, isso acontece devido a memória e consideração que a pessoa
fez em vida. a arquitetura está presente em toda a existência do humana para
suprir suas necessidades, seja em vida ou em morte.
Desde o momento em que
nascemos, a única certeza que temos na vida é que um dia inevitavelmente a
morte chegará. Desse modo, as primeiras edificações e os mais recordados
monumentos arquitetônicos são provenientes de espaços funerários, como por
exemplo o Taj Mahal (fig. 1) e as pirâmides de Gizé (fig. 2).
Com o passar dos anos e
através da formação de uma sociedade capitalista e empírica, a arquitetura para
a morte foi encaminhada para o esquecimento e indiferença. Segundo Naya (2011,
p. 100, tradução nossa), no século XX, causado pelo movimento moderno, ocorre o
desinteresse dos arquitetos pelos cemitérios e sepulturas, focando o seu interesse na habitação e na
"cidade dos vivos" e a arquitetura para os mortos, se tornou
secundária e antiquada, apenas um tabu social, um fato biológico.
O artigo busca resgatar e
fazer referência a alguns exemplos significativos de arquitetura funerária de
arquitetos como Asplund, Aalto, Scarpa, Rossi, Portela, Miralles ou
Chipperfield; o mesmo também propõe os leitores a fazer uma reflexão sobre o
futuro desses espaços e suas lembranças deixadas.
Por mais simples que
sejam, há poucas culturas que fazem a passagem de seu mortos sem cerimônia ou
pequenos monumentos, essa edificação acontece em memória e consideração que a
pessoa fez em vida, ou seja, a arquitetura está presente em toda a existência
do homem para suprir suas necessidades, seja em vida ou em morte.
Para abordar os
cemitérios populares é necessário abordar sua origem. Entre o século V e o
século XVIII as igrejas eram os espaços destinados aos mortos, isso ocorria
devido a proteção divina sobre as almas, entretanto, com o abandono do Barroco
e surgimento do Romantismo o homem passa a se preocupar menos com a morte e
mais com os entes queridos.
“Com o advento do
século 18 devido ao pensamento romântico, no início do Iluminismo, um idéias
higiênicas e avanços na ciência, Vozes de denúncias começaram a levantar-se,
simultaneamente em toda a Europa, da situação doentia da igrejas, começando o
que muitos chamam de "o exílio dos mortos.” (NAYA, 2011, p.100, tradução
nossa)
Depois desse fato, precisou-se sair
da perspectiva e projetar cemitérios extramuros da igreja, o que a falta de
referências dificultava. Nos novos cemitérios ainda era possível reconhecer as
classes sociais, com evidências de construções de panteões e tumbas familiares.
No século 20, após as guerras
mundiais, o sistema sofreu transformações. Os rituais se tornam mais discretos
e o grande número populacional fez com que as sepulturas se tornassem menos
esplêndidas. No caso dos protestantes as sepulturas tendem a ter seu
crescimento em sentido vertical e a Igreja católica diminuiu consideravelmente
o valor arquitetônico, favor do grande número de mortos em série. Sendo esse
último o atual sistema dos cemitérios, muitos projetos de sepulturas e
cemitérios chegaram a não ser realizados devido ao esplendor ter caído em
desuso.
‘“Nos anos sessenta e
setenta do século vinte, contamos com duas referências que influenciaram a
maior parte do performances subsequentes. Falamos sobre o túmulo do Família
Brion em San Vito di Altivole, por Carlo Scarpa e da extensão do cemitério de
Modena de Aldo Rossi. Em ambos os projetos a arquitetura é concebida de forma
unitária, exerce controle sobre o todo, embora sem limitar excessivamente a
manifestação de identidades pessoais.” (NAYA, 2011, p.103, tradução nossa)
Figura 3 e 4 - Carlo Scarpa, planta original e tumba
do panteão da família a Brion-vega, em San Vito di Altivole.
Fonte: NAYA, 2011.
Figura 5 - Cemitério de San Cataldo, Aldo Rossi y
Gianni Braghieri, a obra foi vencedora de um concurso mas nunca executada.
Fonte: NAYA, 2011.
Outro fato muito importante que
acarretará ainda mais na arquitetura funerária é a incineração, o que pode
significar o desaparecimento das sepulturas e cemitérios. Os arquitetos devem
defender e mostrar preocupação com a proteção dos patrimônios ainda existentes,
pois essa memórias não são apenas individuais, mas sim, um bem coletivo.
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