A ARQUITETURA DE FILIPPO BRUNELLESCHI: A cúpula da Igreja de Santa Maria del Fiore
AUTOR: HENRIQUE MIRANDA FERNANDES GADELHA
DESENHISTA: NAYARA JAIAN RIBEIRO BRANDÃO
REVISORA: HANNY GÉSSYLLA NOGUEIRA ALVES
Fellipo Brunelleschi, considerado uns dos pioneiros do movimento renascentista, nasceu em Florença – Itália, no ano de 1377. Seus pais, Brunellesco di Lippo e Giovana Degli Spini, investiram muito em sua educação. Brunelleschi aprendeu a ler, escrever e com a ajuda de Toscanelli, estudou sobre geometria prática (DUPRAT, s.d).
A arquitetura Renascentista é extremamente marcada pelas obras de Brunelleschi, sendo ela, segundo Zevi (1918), uma arquitetura mais racional, ou seja, não dominando mais o homem, mas sim, sendo dominada por ele. E com presença de Brunelleschi, no século XV, a arquitetura passa a ser visualizada como:
É essencialmente uma reflexão matemática desenvolvida sobre a métrica românica e gótica. Busca-se uma ordem, uma lei, uma disciplina, contra a incomensurabilidade, a infinidade e a dispersão do espaço gótico, e a casualidade do românico (ZEVI, 1918).
Felippo foi considerado por muitos, um exemplo de homem, sendo muito gentil e com um coração grandioso, assim como a grande cúpula projetada por ele para a Catedral de Florença (MIGUEL, 2003).
Brunelleschi inicia suas atividades quando descobre suas capacidades de invenção e representação, incentivado por Donatello, começa os estudos sobre escultura, o que contribui para seu conhecimento das técnicas dos materiais, escala humana e como unir a mente e a mão, ou seja, dar forma aquilo que foi pensado (MIGUEL, 2003).
Segundo Lancha e Lancini (2014), Brunelleschi desenvolveu a técnica da perspectiva linear, a qual permitiu os desenhos tridimensionais em planos bidimensionais. Esse recurso colaborou para as representações gráficas da época e para os dias atuais. Nesse contexto, têm-se um grande avanço na arte e arquitetura, pois ele estudou também sobre a possibilidade de transferir as relações métricas dos edifícios para o papel (LANCHA; LANCINI, 2014).
Como citado acima, uma das obras mais conhecidas de Brunelleschi é a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore (Cf. Fig. 01), que segundo Lancha e Lancini (2014), tornou-se o primeiro símbolo da arquitetura Renascentista.
Fig. 01 - Catedral Santa Maria del Fiore
Fonte: VEGINI, 2018¹
¹ Disponível em <https://archtrends.com/blog/os-segredos-da-cupula-de-brunelleschi/>
A catedral foi finalizada por volta de 1380, porém lançou um desafio: o cobrimento de um diâmetro de 45 metros nas alturas - espaço que atualmente é a cúpula -. Para isso, foi lançado um concurso, em que Brunelleschi participou, mas com uma ressalva, além de projetar o fechamento, ele também teria que projetar todos os maquinários (Cf. Fig. 02) e andaimes que seriam utilizados na obra (VEGINI, 2018).
Fig. 02 – Guindaste inventado por Brunelleschi
Fonte: BRANDÃO, 2019²
² Releitura da imagem de THE MUSEUMS OF FLORENCE. Disponível em <http:// www.museumsinflorence.com/musei/cathedral_of_florence.html/>
Segundo Lancha e Lancini (2014), ao final do concurso, os vencedores foram Brunelleschi e Lorenzo Ghibert, os quais desenvolveram uma cúpula que possuía duas cascas, sendo:
A primeira, localizada na parte interna, é em forma de concha e apresenta pinturas do Juízo final, realizadas por Giorgio Vasari e Federico Zuccari. Já a segunda cúpula é resistente ao vento, chuva, raios e até terremotos. É menos espessa, majestosa e seu formato é ogival. (VEGINI, 2018)Segundo Miguel (2003), Brunelleschi inventou as máquinas necessárias para a fase da execução do projeto, e destaca que ele não utilizou o cimbre, - armadura de madeira utilizada para sustentar os arcos e abóbodas - sendo retirada depois da obra finalizada. Dessa maneira, ele desenvolveu uma técnica nova (Cf. Fig. 03), que é:
Chamada de “espinha de peixe” consiste em ângulos e fricção dos tijolos, ou seja, um tijolo é colocado na horizontal, enquanto um tijolo menor é colocado na vertical, em cima do anterior, seguido por outro tijolo de novo na horizontal. Desse modo, os dois tijolos na horizontal fazem duas forças distintas contra o da vertical, permitindo que a carga da construção fosse distribuída por toda a circunferência (VEGINI, 2018).
Fig. 03 – Estudo da disposição da cúpula
Fonte: BRANDÃO, 2019³
³ Releitura da imagem de Vegini, (2018). Disponível em <https://archtrends.com/blog/os-segredos-da-cupula-de-brunelleschi/>
Brunelleschi acompanhou toda a execução da obra, e segundo Miguel (2003), em um determinado momento, ocorreu uma revolta dos operários, que solicitavam um aumento de seus salários e se afastaram da obra. Porém, Filippo não se intimidou, e iniciou uma busca por outra mão de obra, como mendigos e pobres, levando-os para o canteiro de obras e ensinando como deveria ser executado. E isso é muito importante para o momento, que “apesar de ser uma ação questionável, revela uma clareza e um domínio que não cabe contestação. Ensina porque tem em mente todas as fases do processo construtivo. Ensina porque tem o domínio do fazer” (MIGUEL, 2003).
REFERÊNCIAS:
DUPRAT, Andréia Carolina Duarte. Filippo Brunelleschi (1377 – 1446). Disponível em <https://www.ufrgs.br/napead/projetos/historia-arte/idmod.php?p=brunelleschi> Acesso em 04 AGO. 2019
LANCHA, Joubert José; LANCINI, Giulia Carvalho. Brunelleschi e o Desenho de arquitetura. 2014. Disponível em <https://www.iau.usp.br/pesquisa/grupos/nelac/wp-content/uploads/2015/01/Relatorio-final-Brunelleschi-e-o-desenho-arquitetonico.pdf > Acesso em 04 AGO. 2019
MIGUEL, Jorge Marão Carnielo. Brunelleschi: o caçador de tesouros. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 040.02, Vitruvius, set. 2003. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/ 04.040/651>. Aceso em 04 AGO. 2019
VEGINI, Luiza. Os segredos da cúpula de Brunelleschi. 2018. Disponível em <https://archtrends.com/blog/os-segredos-da-cupula-de-brunelleschi/> Acesso em 04 AGO. 2019.
ZEVI, Bruno. 1918 – Saber ver a arquitetura / Bruno Zevi ; [ tradução Maria Isabel Gaspar, Gaetan Martins de Oliveira]. – 5ª ed. – São Paulo : Martins Fontes, 1996. (Coleção a)
THE MUSEUMS OF FLORENCE. Catedral de Florença. Disponível em <http://www.museumsinflorence. com/musei/cathedral_of_florence.html> Acesso em 09 AGO. 2019
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