A INFLUÊNCIA DOS JESUÍTAS NA ARQUITETURA RELIGIOSA DO BRASIL COLÔNIA.
AUTOR: HENRIQUE MIRANDA FERNANDES GADELHA
DESENHISTA: NAYARA JAIAN RIBEIRO BRANDÃO
REVISORA: HANNY GÉSSYLLA NOGUEIRA ALVES
Observando a dificuldade dos portugueses de ocuparem o território brasileiro no início do século XVI, a Coroa portuguesa entra em acordo com a Igreja Católica Apostólica Romana - que é a única manifestação religiosa aceita pela Coroa - para efetivar o processo de colonização (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Dessa maneira, as edificações religiosas no período colonial brasileiro eram marcadas pela presença de ordens religiosas, as quais estavam próximas ao litoral, sendo classificadas de acordo com sua tipologia e cronologia. Neste contexto, existe a divisão em fases, com a primeira marcada junto a chegada dos jesuítas, no ano de 1549 (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Segundo Shigunov Neto, Maciel, (2008), A Companhia de Jesus era formada por padres designados por jesuítas, os quais tinham como objetivo a busca pela perfeição humana conquistada pela catequização. Para Mendes; Veríssimo; Bittar, (2011), no Brasil, os jesuítas receberam a missão de suprir a falta do clero Secular - que é formado por padres e bispos que viviam a vida cotidiana - para catequizar e alfabetizar os leigos.
Nesse momento, com a aprovação do papal, Loyola - o fundador da Companhia - os padres são enviados para os outros países, inclusive para o Brasil, com a missão de implantar escolas e seminários. Semelhante a isso, pode-se observar a grande quantidade de colégios construídos na região litorânea do Brasil (Cf. Fig.01) (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Fig. 01 – PRINCIPAIS CONVENTOS JESUÍTICOS NO BRASIL
Fonte: MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR (2011)¹
¹ Disponível no livro Arquitetura no Brasil: de Cabral a Dom João VI.
Essas edificações eram construídas com uma planta quadrangular e pátio ao centro, sendo divididos em edifício para o culto e alojamento (Cf. Fig.02). Inicialmente, as edificações foram erguidas de maneira precária. Logo, para a construção de edifícios mais qualificados, foi enviado pela Ordem o irmão Francisco Dias, arquiteto que buscou seguir recomendações as quais foram utilizadas na Igreja de São Roque, sendo composta de uma nave única, capela mor e duas colaterais (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Fig. 02 – PLANTA DO COLÉGIO JESUÍTICO DOS REIS MAGOS.
Fonte: BRANDÃO, 2019²
² Releitura da imagem de MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR (2011), disponível no livro Arquitetura no Brasil: de Cabral a Dom João VI.
Uma característica interessante que é possível observar pela planta (Cf. Fig. 02), é a passagem entre o exterior e interior, visto que não adotavam um ambiente como o nártex ou pórtico, pelo fato de representar a passagem do fiel, que entra diretamente em um espaço de oração, o que dificulta sua saída (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Levando em consideração as características dessa Ordem, para Costa (2010), essa arte jesuíta é o que representa o verdadeiro estilo dos padres da Companhia. Ele descreve também:
Sendo o objetivo da Companhia a doutrina e catequese, a igreja devia ser ampla, a fim de abrigar número sempre crescente de convertidos e curiosos e localizada, de preferência, em frente a um espaço aberto - um terreiro - onde o povo se pudesse reunir e andar livremente, não se prevendo, o mais das vezes, a construção ordenada de casas em volta dessa praça. [...]. (COSTA, 2010)
Os colégios tomaram um partido mais formal, que buscava representar três elementos importantes na fachada, sendo eles: igreja, torre sineira e colégio, e um acesso, no qual acima da entrada teria um óculo ou janela, podendo ainda ter três janelas (Cf. Fig 03), (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
Fig. 03 – FACHADA DO COLÉGIO JESUÍTICO DOS REIS MAGOS.
Fonte: BRANDÃO, 2019³
³ Releitura da imagem de NOVA ALMEIDA (2015), disponível em: <http://igrejadosmeismagos.blogspot.com/>
A chegada da Companhia de Jesus foi de grande importância para o Brasil, pois contribuíram com a catequização e deixaram um legado importante para a arquitetura religiosa. Mas a Ordem acabou se tornando um problema para a Coroa, quando decidiram formar uma liga de cidades-estados, a qual denominaram Missões, logo, o Reinado decide expulsá-los, sendo essa decisão tomada pelo primeiro ministro de Portugal, o Marquês de Pombal (MENDES; VERÍSSIMO; BITTAR, 2011).
REFERÊNCIAS
COSTA, Lúcio. A arquitetura dos jesuítas no Brasil. ARS (São Paulo), São Paulo, v. 8, n. 16, p. 127-195, 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielophp?script=sci_arttext&pid= S167853202010000200009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 02 AGO. de 2019.
MENDES, Francisco Roberval; VERÍSSIMO, Francisco Salvador; BITTAR, William Seba Mallmann. Arquitetura no Brasil: de Cabral a D. João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2011.
SHIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete Shizue Bomura. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. Educ. rev. , Curitiba, n. 31, p. 169-189, 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S010440602008000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 03 AGO. 2019.
NOVA ALMEIDA. Igreja dos Reis Magos. 2015. Disponível em <http://igreja dosmeismagos.blogspot.com/> Acesso em 02 AGO. 2019
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