ANÁLISE DA LOCAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES NO PERÍODO COLONIAL - LIVRO: O QUADRO DA ARQUITETURA NO BRASIL - NESTOR GOURLART

 

Palavras-chaves: Implantação, Recuos, Paisagismo.

Nome: Hellen Karoline Brito Fernandes

 

Toda casa é implantada conforme o período em que está inserida, portanto é difícil analisa-la sem estudar a sua história. Além da casa, existente o lote, tal qual também segue o contexto. Ou seja, temos o período, o lote e a casa. As necessidades das pessoas estão em constante transformação, por isso as construções começam a sofrer alterações, já de outro lado, o lote parece paralisado no tempo, já que é muito difícil mudar o traçado de uma cidade. Ou seja, a casa é mais flexível a mudanças, ao contrário do lote e apesar de todas essas transformações, é importante que haja uma coerência entre o lote e a construção.

As casas do período colonial eram uniformes, seguiam o traçado das vias e as regras impostas pelas normas do período – precisavam ser parecidas com as vilas portuguesas. Por mais que não existisse tantas pessoas na cidade, essa parecia ser bem adensada devido ao jeito que as casas eram implantadas, uma ao lado da outra, sem recuos. As regras impostas para a construção das casas não se aplicavam apenas as características externas, mas sim para toda a residência. Ou seja, além de terem fachadas iguais, as casas possuíam uma mesma organização interna, não mudavam conforme as necessidades do morador.

A maioria das casas possuíam apenas um corredor lateral, ou seja, apenas um acesso a residência – não havia separação entre acesso principal e acesso de serviço como ocorre na maioria das casas no período contemporâneo. Na (figura 1), é possível observar construções térreas contendo telhados com a mesma altura, além de fachadas padronizadas.

                        Figura 1: Casas térreas coloniais
                        Fonte: ALMEIDA; MELO (2006, p. 03).

A mão de obra era primitiva, assim como as tecnologias aplicadas. Evitavam ao máximo utilizar telhados embutidos e calhas, era comum telhados de duas águas, onde parte da água era jogava para rua e a outra, para o fundo do terreno. Além disso, não haviam recuos laterais, ou seja, as casas eram construídas nas dividas laterais, compartilhando a mesma parede e para facilitar a construção, tentavam deixar as casas com a mesma altura. A inexistência de alguns sistemas mais aprimorados nas residências e na cidade significava que havia mão de obra escrava, tal qual substituía algumas tecnologias. Na (figura 2), nota-se o método de implantação das residências: não havia recuo entre a rua e o acesso a edificação; tentavam manter a mesma altura para facilitar a construção do telhado, etc. Grande parte das construções eram térreas, os sobrados eram sinais de riqueza.

    Figura 2. Sobrados coloniais em MG.

    Fonte: Disponível em: <https://ideabrasil.com.br/estilo-colonial/>. Acesso em 21 JUL 2020



A partir do início do século XIX, nota-se algumas mudanças nas fachadas das residências, tais quais apresentam-se de forma discreta. Apesar disso, as construções seguiam a mesma implantação do período colonial do século XVIII. Outra mudança significativa foi nos processos construtivos, tais quais passavam a ser mais aperfeiçoados, respeitando as características dos prédios até então existentes. Apenas os mais ricos não adotavam tanto as novas tecnologias, já que preferiam a mão de obra escrava.

Já no final do século XIX, devido a imigração europeia, começaram a existir grandes transformações nos processos construtivos. Já era possível observar passeios junto as casas, pequenos jardins, etc. Passaram a importar tudo, desde tecnologia a objetos, deixando de lado a mão de obra escrava. Devido a isso, houve grandes transformações na implantação das residências, já que essas passaram a abrigar as novas tecnologias. Começaram a deixar recuos laterais, tornando a edificação independente da construção vizinha – em um dos lados da residência o recuo era maior –, mas mantendo o alinhamento frontal da residência com a rua. O acesso, em casas maiores era feito pela lateral da residência, tal qual possuía grandes jardins. As casas das chácaras também sofreram mudanças, deixaram de ter terrenos grandes e passaram a ficar semelhante as casas urbanas.

Mais adiante, além dos recuos laterais, passaram a deixar recuos frontais contendo pequenos jardins. Devido as novas tecnologias, além das mudanças que estavam ocorrendo na parte externa, passaram a haver mudanças na forma da residência, tal qual passou a ser construída de acordo com as necessidades dos moradores. Em algumas casas, passaram a ter banheiros, quartos com janelas voltadas para jardins, etc. No início do século XX, já era notório grandes mudanças na implantação das edificações, já que essas passaram a ter recuos, mais de um acesso, formato diferente além de belíssimos jardins (figura 3).

                        Figura 3: Palácio do Catete (1890). Acesso principal e lateral.

                        Fonte: FERREZ, Gillberto.


Todas essas mudanças foram possíveis devido ao aperfeiçoamento das tecnologias e a imigração europeia para o brasil. Por causa disso, passaram a enxergar novas possibilidades de implantação, tal qual até hoje em dia, continua em constante transformação.

REFERÊNCIAS

FILHO, Nertor Goulart Reis. Quadro da Arquitetura no Brasil. 1 ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2019.

ALMEIDA, Maria do Carmo; MELO, Neuza Arêa Leão. Memorial Tertuliano Brandão Filho:

História e Arquitetura. Disponível em: < http://www.anpur.org.br/ojs/index.php/anaisenanpur

/article/view/1245/1228>. Acesso em 28 JUL 2020

FERREZ, Gilberto. Palácio do Catete – fachada. Disponível em:< http://brasilianafotografica.bn.br/

brasiliana/handle/20.500.12156.1/6706>. Acesso em 29 JUL 2020

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