MONASTÉRIOS: CENTROS DE APRENDIZAGEM

 

Palavras-chave: Arquitetura. Idade Média. Monastérios.

Autor: Joicy Wevilin Vakiuti de Souza

 

De acordo com Bridge (2015), os mosteiros proporcionaram a arquitetura mais impressionante da Idade Média. Os monges faziam um voto de pobreza e isolamento como meio de estarem mais próximos de Deus. O primeiro mosteiro cristão foi fundado no início do quarto século no Egito, porém foi na Europa que se difundiram, em meados do século XII, existiam mais de 500 monastérios só na Inglaterra.

São Bento foi um dos pais fundadores do movimento monástico, particularmente pela Regra – conjunto de preceitos que criou – ele codificou práticas monásticas que foi difundindo-se ao longo dos séculos. Os monges beneditinos fizeram um voto estrito de pobreza, castidade e obediência, dividindo o seu dia em serviços religiosos, trabalho e escrevendo cópias de manuscritos religiosos. O Imperador Frankista Carlos Magno ordenou a todos os mosteiros da sua região que seguissem a Regra de S. Pedro. Benedito. Os monastérios faziam parte da estratégia de Carlos Magno de controlar os territórios que ele tinha conquistado. A Regra de Bento tornou-se o modo principal para os mosteiros e conventos em toda a Europa. Antes de um potencial monge ter feito os seus votos, ele pediu para passar um ano vivendo num mosteiro para ter a certeza absoluta de que foi a escolha certa para ele. No momento em que ele fez os seus votos, ele raspou a coroa da sua cabeça, se dizia ser uma imitação da coroa de espinhos de Cristo (BRIDGE, 2015).

Figura 01: Representação dos monges copiando manuscritos.

Fonte: ENSINA. 2015. Disponível em: <https://ensina.rtp.pt/artigo/a-vida-nos-mosteiros-e-a-producao-de-manuscritos-medievais/> ACESSO 03 NOV 2020.

Os mosteiros eram conhecidos pelo ótimo ensino e educação, por este motivo uma parte importante do mosteiro era a biblioteca, à qual foi anexado o scriptorium, onde se encontravam os livros sagrados escritos ou copiados. Monges e freiras passaram os seus dias a assistir aos cultos de adoração, ler, ensinar e cuidar dos pobres. Os monges cuidavam das terras do mosteiro, que podiam incluir uma quinta, jardim e lagos. Estes locais permitiram que os mosteiros se tornassem autossustentáveis e com o tempo alguns cresceram extremamente ricos, possuindo grandes extensões de terra (BRIDGE, 2015).

Esperava-se que monges e freiras acolhessem viajantes e cuidassem de qualquer pessoa doente, logo seus edifícios precisavam acomodar outros além de si próprios. Muito foi incluído dentro das paredes: latrinas, uma enfermaria, um claustro (uma passarela coberta ao redor de um pátio aberto), uma torre de água, uma herbário, uma igreja, um refeitório, uma casa capitular (ou dormitório) e um cemitério. O mosteiro funcionava como uma pequena cidade. Muitos monges tornaram-se especialistas em artes ou ofícios específicos. Carlos Magno incentivava a construção de mosteiros rurais durante a Idade Média, por volta do século X, a arquitetura e estrutura do mosteiro tinha sido estabelecida. A igreja era o maior edifício, uma basílica de duas extremidades, geralmente com paredes de alvenaria e telhado com treliças de madeira. Muitas vezes era necessário incluir múltiplos altares para honrar individualmente santos. Sempre que possível, como acontece com outras igrejas cristãs, os monásticos eram orientados ao longo de um eixo Leste-Oeste, com o altar destacado ao leste. Havia torres e outros elementos decorativos em sua entrada principal (BRIDGE, 2015).

Figura 02: Cemitério em Kells - County Meath.

FONTE: TRIP SAVVY: Mosteiros Irlandeses: Disponível em: <https://www.tripsavvy.com/irish-monasteries-you-should-not-miss-1542975> ACESSO 03 NOV 2020.

De um modo geral, os edifícios principais de um mosteiro eram apartamentos longos e não muito largos, com janelas em ambos os lados. Eram abobadados e muitas vezes tinham uma fileira de colunas no centro. Muitos possuíam dois andares. Das dependências, a cozinha, que muitas vezes era um apartamento abobadado com uma chaminé e o celeiro era de grande tamanho, estes eram os cômodos mais proeminentes.  (SMITH, 2010).

FIGURA 03 – Ruinas de Glastonbury Abbey, Somerset, Inglaterra.

Fonte: ARCHEOLOGY. ORG : “Legends of Glastonbury Abbey”. Abril, 2016. Disponível em: < https://www.archaeology.org/issues/208-1603/trenches/4172-trenches-england-glastonbury-abbey> Acesso em: 03 NOV 2020.

Os outros edifícios do mosteiro ramificavam-se da igreja, agrupados em torno de uma praça central, ou claustro. Muitas vezes, o jardim de ervas do mosteiro era localizado no centro do claustro. Para esse fim, ficava frequentemente localizado no lado sul da igreja, com a máxima exposição ao sol. Também, o scriptorium, era locado onde receberia a maior luz natural. O claustro era, efetivamente, o coração do mosteiro. As colunas que suportavam os seus telhados e incluíam esculturas que contavam histórias da Bíblia (BRIDGE, 2015).

Segundo o autor, para que monges não sofressem tentações os mosteiros eram normalmente construídos em lugares remotos, procuravam um lugar com bom abastecimento de água e terras que poderiam ser lavradas. Em muitos casos, à medida que os mosteiros se instalavam e cresciam em tamanho, comunidades seculares surgiram à sua volta.

FIGURA 04: Alamy Rievaulx Abbey, Monastério Cistercienses Medieval

Fonte: Conta de Rievaulx Abbey no Google. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Rievaulx+Abbey/@54.2569823,-1.1194972,16.75z/data=!4m5!3m4!1s0x487ec58853f5c93d:0xb49380eb8f6887a4!8m2!3d54.2572964!4d-1.1174486> ACESSO 03 NOV 2020.

Em 1098, um grupo de monges, liderado por Robert, abade de Molesme, separou-se dos beneditinos e formaram a sua própria ordem, os cistercienses. Estes monges procuraram áreas ainda mais remotas para a construção de mosteiros e foram responsáveis pela colonização de zonas anteriormente despovoadas da Europa, particularmente a França. Os edifícios cistercienses eram simples, mas elegantes, não possuíam vitrais, refletindo a sua preocupação com a austeridade. Os cistercienses reagiam contra a riqueza que os beneditinos começavam a acumular (BRIDGE, 2015).

Destruição dos Mosteiros

Em 1534, numa revolução religiosa, Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e declarou-se chefe da Igreja da Inglaterra. Como parte desta ação e para ganhar a tão necessária riqueza, confiscou as terras pertencentes aos mosteiros ingleses e dissolveu-os. Na altura da morte de Henrique em 1547, os mosteiros na Inglaterra tinham efetivamente deixado de existir (BRIDGE, 2015).

REFERÊNCIAS

ARCHEOLOGY. ORG : “Legends of Glastonbury Abbey”. Abril, 2016. Disponível em: < https://www.archaeology.org/issues/208-1603/trenches/4172-trenches-england-glastonbury-abbey> Acesso em: 03 NOV 2020.

BRIDGE, Nicole Architecture 101: From Frank Gehry to Ziggurats, an Essential Guide to Building Styles and Materials. 1. ed.  Avon, Massachusetts: Adams, 2015.

SMITH, Thomas Roger. Architecture Gothic and Renaissance. 01. Ed: Didactic Press, 2014.

 





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