DESCONSTRUTIVISMO: O ESTILO CAÓTICO

 

Palavras-chave: Desconstrutivismo. Arquitetura. Pós-modernidade.

Autor: Joicy Wevilin Vakiuti de Souza Castilho

 

O estilo desconstrutivista faz parte da era pós-moderna. Durante o apogeu do movimento no final dos anos 1980, o Museu de Arte Moderna (MoMA) da cidade de Nova York sediou uma exposição denominada Arquitetura Desconstrutivista. A exposição, no entanto, era mais uma introdução e exploração do estilo porque ele ainda estava emergindo naquele momento. O MoMA reconheceu sete arquitetos que estavam à frente deste estilo: Frank Gehry, Zaha Hadid, Rem Koolhaas, Wolf D. Prix, Daniel Libeskind, Bernard Tschumi e Peter Eisenman.

Figura 01: Desconstrutivismo na arquitetura: Louis Vuitton Foundation

Fonte: Dicas Europa. Disponível em: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/desconstrutivismo-na-arquitetura/> ACESSO 15 NOV 2020.

A arquitetura desconstrutivista envolve formas tortuosas e curvas que parecem para quase fragmentar e desalojar a estrutura ou esqueleto de um edifício. A estética resultante é caótica e imprevisível e às vezes deixa os observadores sentindo-se desequilibrados ou perturbados. Praticantes da arquitetura desconstrutivista descrevem o modernismo como restritivo e regrado, limitando as possibilidades da forma. Esses arquitetos não são excessivamente preocupados com o ornamento como um acessório, porque eles acreditam que se algo foi cuidadosamente projetado, o visual resultante é a ornamentação suficiente. A geometria que aparece nos edifícios desconstrutivistas muitas vezes ecoam o expressionismo abstrato e a arte cubista.

 

O construtivismo russo como inspiração

 

O construtivismo russo foi desenvolvido pela vanguarda russa no início do século XX. Foi tecnicamente um desdobramento do Modernismo, mas visualmente era muito abstrato e experimental. Construtivistas reduziriam a arte aos seus elementos mais básicos afim de manter as coisas mínimas durante a montagem e colocava-os de volta juntos em algo ordenado. A Maquete do Monumento à Terceira Internacional (1919), por exemplo, projetada por Vladimir Tatlin (1885–1953) foi a proposta de uma torre em espiral dupla que abrigaria prédios de escritórios. No entanto, a estrutura de aproximadamente 400 metros nunca foi construída.

Figura 02: Projeto para Monumento à Terceira Internacional

feito por Vladimir Tatlin.

Fonte: HACER. Disponível em: <https://www.hacer.com.br/torre-de-tatlin> ACESSO 15 NOV 2020.


A torre teria envolvido novos materiais e métodos tecnológicos de construção para construir uma estrutura de ferro que cobriria um cilindro de vidro, cubo e cone. Tatlin rejeitou a ideia de paredes e, em vez disso, afirmou uma moldura aberta. Muitos dos planos para edifícios construtivistas russos nunca foram realizados porque não foram possíveis. A Rússia do pós-guerra não tinha os recursos ou inovações necessárias para construí-los. No entanto, fotos de modelos como o monumento de Tatlin percorreram o mundo e seu estilo arrojado e fantástico causando um forte impacto.

 

Peter Eisenman

 

Peter Eisenman nasceu em 1932 em Newark, New Jersey. Ele estudou na Universidade Cornell e um de seus primeiros empregos foi trabalhar para Walter Gropius. Ele é um teórico da arquitetura que tirou ideias de Nietzsche e Noam Chomsky. Para ele, o Pós-Modernismo deve entrelaçar filosofia e linguística. Essas teorias tiveram um grande impacto na disciplina arquitetônica e são evidentes em tudo o que ele construiu.

Eisenman chamou a atenção pela primeira vez por causa de uma série de casas, que eram simplesmente designadas de um a dez, projetadas no final dos anos 60 e início dos anos 70. A maioria dessas casas eram apenas ideias que haviam sido trabalhadas em planos formais, mas nunca realmente construídas. Algumas dessas casas desorientavam as pessoas por causa de detalhes como colunas não engatadas e escadas que levavam a lugar nenhum. Ele rejeitou constantemente os princípios do modernismo e as sensibilidades funcionais que os acompanhavam. Alguns observadores chamaram suas casas numeradas de "niilistas". Eisenman estava particularmente interessado em pegar os elementos tradicionais de um edifício e girá-los de onde eles normalmente seriam posicionados e movê-los de modo que a estrutura parecesse um pouco confusa e desorientada. Essas manipulações formaram espaços interessantes no interior dos edifícios. Mais tarde, ele projetou o Museu de Berlim como parte da Exposição Internacional de Construção em Berlim em 1987.

Figura 03: Casa VI de Eisenman.

Fonte: VIVA DECORA. Disponível em: < https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/peter-eisenman/> ACESSO 15 NOV 2020.

Eisenman acreditava que o significado de uma estrutura era mais importante do que sua forma. Seus projetos não eram muito claros ou racionais à primeira vista. O arquiteto desconstrutivista ficou impressionado com o trabalho do famoso lingüista Noam Chomsky sobre expressão. Ele acreditava que, como todos nós viemos da mesma formação linguística e, portanto, aprendemos a nos expressar de maneira semelhante, todos deveríamos ser capazes de olhar para sua arquitetura e compreender seu significado. Dessa forma, ele acreditava que seus edifícios transmitiam um componente narrativo.

 

Memorial aos Judeus Mortos da Europa

 

O Memorial aos Judeus Mortos da Europa (2005) está localizado entre a antiga Berlim Oriental e Ocidental. Eisenman acreditava que qualquer coisa que invocasse a memória do Holocausto precisava ser sombria. Embora a maioria dos memoriais sejam celebrações da vida, esse memorial precisava homenagear as vítimas e nunca esquecer a tragédia da morte em massa. O plano resultante era abstrato. Ele posicionou mais de 2.700 grandes estelas retangulares de tamanhos e formas variados em um pedaço de terreno inclinado. Não há palavras ou gravuras, placas ou inscrições nas lajes de pedra, existe um ar de anonimato.

Figura 05: Estelas do museu. 

Fonte: Dicas Europa. Disponível em: < https://dicaseuropa.com.br/2014/02/memorial-do-holocausto-em-berlim.html> ACESSO 15 NOV 2020. 

Os visitantes se movem pelo memorial manobrando por passagens desorientadoras entre as pedras. Os espaços entre eles se estreitam e se alargam, enquanto o terreno se inclina em ângulos diferentes. Eisenman comparou essa experiência ao que os judeus passaram social e fisicamente durante o Holocausto.

Figura 05: Museu Judaico de Berlim. 

Fonte: Arch Trends. Disponível em: <https://archtrends.com/blog/museu-judaico-de-berlim-uma-experiencia-sensorial/> ACESSO 15 NOV 2020. 

O projeto de Eisenman para o monumento gerou muita controvérsia quando ele o apresentou pela primeira vez. As pessoas ficaram desconcertadas com o design abstrato e o simbolismo severo. Eles pensaram que um memorial de guerra deveria ser mais informativo. Eventualmente, para acalmar algumas dessas reclamações, o monumento adicionou um centro de visitantes na entrada com informações históricas e artefatos à vista.

 

Prevenção de Vandalismo

 

Havia preocupações com o vandalismo no Memorial aos Judeus Mortos da Europa, logo quando ele foi construído. Nada seria mais horrível do que alguém profanando um monumento a uma causa tão sensível. Por isso eles desenvolveram uma solução especial e revestiram as placas  evitando que qualquer grafite fixe nas mesmas.

 

REFERÊNCIAS

BRIDGE, Nicole Architecture 101: From Frank Gehry to Ziggurats, an Essential Guide to Building Styles and Materials. 1. ed.  Avon, Massachusetts: Adams, 2015.

Fazio, Michael W., Marian Moffett, and Lawrence Wodehouse. Buildings Across Time: An Introduction to World Architecture. Boston, Mass: McGraw-Hill Higher Education, 2009.





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