A INFLUÊNCIA DA CÚPULA NO DESENVOLVIMENTO DA ARQUITETURA GÓTICA

Palavras-chaves: Imponência. Muralhas. Fortificações.

Nome: Hellen Karoline Brito Fernandes

 

 

Cada estilo arquitetônico é marcado tanto pela sua história quanto pelos elementos que os compõe. Sendo assim, pode-se notar que as igrejas possuem características diferentes, tais quais dependem do estilo arquitetônico em vigor – apesar de algumas construções serem da mesma época, os sistemas construtivos possuem diferenças entre si, já que as construções e os elementos são executados com tecnologias diferentes (CORROYER, 1893).

Devido a constante evolução dos períodos arquitetônicos, alguns de seus registros acabaram se perdendo ao longo do tempo, além disso é difícil determinar com exatidão quando foi iniciada, já que os sistemas estão em constante evolução. Por isso é importante analisar as particularidades de cada período para conseguir identifica-los (CORROYER, 1893).

Um dos elementos mais marcantes em alguns períodos é a cúpula, essa pode ser encontrada em diversos períodos arquitetônicos, a diferença entre todas elas está em sua forma e em como é construída – por exemplo, é fácil identificar uma cúpula feita em igrejas do período barroco e outras executadas no período gótico, pois a forma em que foi concebida é diferente, além dos materiais e sistemas implantados (CORROYER, 1893).  

Focando na Arquitetura religiosa no período gótico, é possível observar que possui diversas características marcantes, dentre essas está a cúpula, ainda mais que o processo construtivo já havia sofrido algumas modificações. Por mais que as cúpulas do período sejam visualmente idênticas devido ao seu formado, essas possuem características distintas entre si, já que sempre eram construídas com um método construtivo diferente, já que estavam em busca da perfeição (CORROYER, 1893).

A cúpula de St. Front (figura 1 e 2), além de outras igrejas, foi inspirada na igreja construída por Justiniano, em Constantinopla. Apesar disso, a de St. Front sofreu algumas modificações durante sua construção, tornando-se única, pois difere das outras que também se inspiraram na igreja construída por Justiniano. A maior dificuldade durante a construção foi apoia-la em quatro apoios mantendo sua estabilidade. O elemento foi construída em pedra lavrada e virou referência no bairro em que foi construído e em regiões vizinhas, por isso é considerada a mãe de todas as outras igrejas que surgiram posteriormente, devido a existência da cúpula (CORROYER, 1893).



Figura 1: Cúpula da catedral de St. Front

Fonte: Wikiarquitectura, 2017

Figura 2: Torres de menagem, cidade de Carcassonne

Fonte: Wikiarquitectura, 2017


O novo sistema construtivo da cúpula foi se espalhando pela região, principalmente em Anjou e Maine. Alguns arquitetos, passaram a adotar o sistema desenvolvido na Aquitânia, conhecido como método Aquitainian, tal qual transformou as cúpulas em arcos independentes. O sistema foi tão inovador que começou a se espalhar pelas regiões. A cúpula utilizada na igreja de St. Front serviu de inspiração para o aprimoramento do método desenvolvido na Aquitânia e foi um grande pontapé para a arquitetura gótica, já que posteriormente surgiu o arco de intersecção, que é um dos principais elementos do estilo gótico. A partir disso, todas as igrejas passaram a receber o arco, tais quais eram implantados apenas em um corredor único (CORROYER, 1893).

Já as igrejas de Angers e Laval, possuíam arcos estriados, tal qual era considerado um sistema primitivo e na abadia de Noyon, também observasse a aplicação do novo sistema de arcos e nessa, não havia um corredor único, mas sim um conjunto de arcos se cruzando, arcos subordinados e pilares secundários que indicavam a existência de contrafortes no exterior da edificação – esse foi um elemento marcante, já que foi utilizado para resolver problemas de volume dentro das edificações, além de auxiliar na parte de esforço estrutural (CORROYER, 1893). Não é mais possível identificar a utilização desse sistema, somente nas construções mais tradicionais. Com isso, nota-se a importância das cúpulas no período gótico, já que é um elemento com características marcantes que foram desenvolvidos e aperfeiçoadas ao longo do tempo (CORROYER, 1893).

A construção de cúpulas em igrejas que já tinham suas próprias tradições foi um marco, já que era muito difícil inserir novos elementos em construções que já seguiam um estilo pré-definido, mas os arquitetos precisavam se inclinar as novas tecnologias que iam surgindo, implantando-as tanto nas construções antigas quanto nas novas, indo em direção a revolução (CORROYER, 1893). As primeiras cúpulas eram bem primitivas e não possuíam uma tecnologia aprimorada; os contrafortes que eram utilizados ainda possuíam alguns defeitos, tais quais foram resolvidos com o aprimoramento das tecnologias, permitindo mais leveza no interior das edificações; as cúpulas passaram a ter sistemas independentes e a ser adotadas por diversos arquitetos, tais quais sempre as implantavam com métodos construtivos aperfeiçoados (CORROYER, 1893).

Apesar disso, cada vez que passava a ser implantado em outros locais, os arquitetos modificavam-nos, por mais que possuíssem as mesmas funções, essas começaram a ser feitas de forma simples e com grande velocidade, o que indicava que o sistema tecnológico melhorava conforme o tempo, como é possível observar na construção de algumas igrejas, como a de Laval e Poitiers (CORROYER, 1893).

No período, havia algumas vertentes, ou seja, em cada região desenvolveram um sistema para a execução das cúpulas. Alguns arquitetos conhecidos como angevinos, tentavam aperfeiçoar cada vez mais as abóbodas, por causa disso, seus métodos construtivos acabaram sendo adotados por outros arquitetos, tais quais passaram a aplicar em algumas construções, grandes ou pequenas, de três a cinco corredores (CORROYER, 1893). Com isso, nota-se que a cúpula aquitânica, tal qual impulsionou o desenvolvimento das cúpulas, foi quem influenciou o desenvolvimento da arquitetura gótica, já que através dessa novos métodos construtivos passaram a ser desenvolvidos e além disso, foi a responsável por dar origem ao arco de interseção. Esse, inicialmente começou a se manifestar de forma simples, sendo utilizados em igrejas com corredores únicos e posteriormente, passou a ser utilizado de outras formas, de acordo com as especificações de cada igreja, catedrais (CORROYER, 1893).

A partir disso, as construções antigas passaram a adotar as novas modificações – essas que possuíam apenas um corredor, passaram a adotar formas mais complexas e substituíram abóbadas estriadas por cúpulas com pendentes. A abadia de Noyon é um exemplo disso, já que passou a adorar vários corredores. Ademais, os arcos que se cruzam foram unidos aos pilares principais e os arcos auxiliares foram unidos a pilares secundários para aliviar a tensão da estrutura – esses eram posicionados no exterior da construção, conhecido como contrafortes (CORROYER, 1893).

Esse sistema construtivo foi desenvolvido em Noyon e em outras igrejas do período que decidiram adotar o sistema, mas atualmente esse método não é mais utilizado. As abóbodas, nesse período, em planta apresentavam uma forma quadrada e posteriormente, em meados do século XIII, passaram a apresentar uma forma mais retangular, com pilares dentro e fora da construção. Com isso, nota-se a influência das cúpulas na arquitetura gótica, já que o formato da planta era modificado de acordo com o sistema adotado. Outro fator é que esse sistema foi o impulsionador para o aperfeiçoamento dos contrafortes que passaram a ser adotados em grande escala posteriormente (CORROYER, 1893).

O sistema de abóbadas que se cruzam surgiu nas igrejas de Angers e Laval e provavelmente devido a influência dos arquitetos da Aquitânia e das regiões vizinhas. Podem ser encontrados em algumas partes do edifício, como nos corredores laterais ou nas capelas. O arranjo das abobadas é discreto, lembram as abobadas nervuradas implantadas no sistema romano (CORROYER, 1893).

O sistema aplicado em Angers foi um dos mais grandiosos, já que os corredores mediam cerca de 16 metros de largura, e mostra o domínio que já tinham em meados do século XII ao construírem as cúpulas, tais quais eram feitas em corredores únicos, com vários vãos que formavam uma planta quadrada (figura 3). Posteriormente o sistema foi aperfeiçoado e os arcos que se cruzam deram lugar aos arcos pendentes como visto anteriormente (CORROYER, 1893).

Figura 3: Planta baixa – Disposição da cúpula no corredor

Fonte: CORROYER, Édouard (1893).

Os corredores constituídos de arcos que se cruzam são semelhantes entre si, todavia sua disposição na abobada é diferente, ou seja, as partes que se cruzam não são mais apenas elementos decorativos e sim estruturais. Além disso, seu peso passou a ser distribuído em quadro pontos - por mais que em projeção as cúpulas ainda possuem semelhanças entre si, essas são diferentes ao observar a forma em que foram construídas. Os arquitetos foram substituindo aos poucos as cúpulas com pendentes pelas nervuradas (figura 4). Posteriormente, além de mudanças nas formas, os processos de execução passaram a ser aperfeiçoados de acordo com as mudanças na ciência (CORROYER, 1893).


 

Figura 4: Torres de menagem, cidade de Carcassonne

Fonte: CORROYER, Édouard (1893).

Logo, é possível observar a influência do avanço das tecnologias na forma e na construção dos arcos ao longo do tempo, tais quais, passaram por modificações, visando sempre a melhor distribuição dentro das igrejas. Além disso, mostra a importância das cúpulas nos estilos arquitetônicos, principalmente no estilo gótico, implantado em edificações religiosas. Outro fato importante é que a cúpula, implantada no período gótico é facilmente identificada, devido as suas características (CORROYER, 1893).

 

 

REFERÊNCIAS

 

Catedral de Saint Front. Disponível em: https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%

A7%C3%A3o/catedral-de-saint-front/#>.Acesso em: 25 NOV 2020

 

CORROYER, Édouard. Arquitetura gótica. Disponível em: <https://www.gutenberg.or

g/files/54701/54701-h/54701-h.htm#Page_269>. Acesso em: 22 NOV 2020

 

STOKES, Frederick A. História da Arte. Disponível em: <https://www.gutenberg.org

/files/43602/43602-h/43602-h.htm#Page_2>. Acesso em: 22 NOV 2020

 

 


 

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