ARQUITETURA COLONIAL DA FILADÉLFIA: CASAS DE TIJOLO GEORGIANAS
Palavras-chave: Filadélfia,
colonial, tijolo.
Autor: Hanny
Géssylla Nogueira Alves
A
Filadélfia ocupa uma posição única quanto a arquitetura norte-americana. Poucas
das primeiras cidades colonizadas dos Estados Unidos podem orgulhar-se de possuir
uma coleção tão extensa de moradias e edifícios públicos no estilo colonial
como ela. Grande parte da considerada “melhor arquitetura residencial colonial”
norte-americana pode ser encontrada nas proximidades da Filadélfia, sendo constituídas
quase exclusivamente em tijolo e pedra. No período de sua execução, tais
edificações foram erguidas e ocupadas principalmente por personalidades de
poder que residiam na província da Pensilvânia (COUSINS; RILEY, 1920).
Conforme
a cidade da Filadélfia cresceu e se tornou mais populosa, o valor da terra
aumentou consideravelmente, assim como o costume de construir residências de
tijolos com a fachada locada diretamente de frente para a rua. Tais casas eram
compostas de um bloco inteiro com paredes retas e contínuas, interrompidas
apenas pela presença de janelas e portas, variando-se umas das outras apenas
pelos detalhes presentes nas vergas, cornijas e esquadrias.
Organizadas
em dois ou três andares, essas residências de tijolo repetiam-se rua após rua,
com degraus e guarnições em mármore branco, venezianas verdes ou brancas, sendo
cada uma destinada a uma família a qual era perpetuada ao longo dos anos,
mantendo o caráter dominante da arquitetura doméstica da cidade.
Figura
01 – Fachada Bartram House, datada do século XVIII.
Fonte: CHESNEY, Sarah. The Encyclopedia of Greater
Philadelphia. “Bartram’s Garden”. Rutgers University, 2017. Disponível em: <https://philadelphiaencyclopedia.org/archive/bartrams-garden/>.
Acesso em: 20 NOV 2020.
Muitas
dessas residências possuíam caráter quase palaciano, construídas a mando de ricos
mercadores ou homens da vida política que achavam conveniente morar perto de
seus cais e contadores, ou então, a uma distância fácil das sedes da cidade provinciais
e, posteriormente, do governo nacional.
Também se faziam presentes belos jardins que ocupavam grande parte dos quintais de muitas dessas moradias, proporcionando verdadeiros oásis em um “deserto de tijolos e argamassa” (COUSINS; RILEY, 1920).
Figura
02 – Fachada da Highlands Mansion, datada
do século XIX.
Fonte: “The Highlands Mansion and Gardens”. (s.d). Disponível
em: <https://www.highlandshistorical.org/>. Acesso em: 20
NOV 2020.
A
localização de muitas dessas primeiras residências de tijolo acabou se tornando
um problema à medida que a cidade crescia, pois se tornavam indesejáveis como
locais de residência. Os negócios as invadiam cada vez mais, de modo que,
exceto as casas que permaneceram por gerações na mesma família ou que tinham
interesse histórico suficiente para ter sua preservação mantidas, poucas permanecem
em seu estado original.
Das
pitorescas residências de dois e três andares de caráter modesto (embora
encantadoramente distintos), que antes se alinhavam nas ruas, a maioria acabou
se tornando cortiços descuidados ou tornaram-se sede de espaços comerciais.
Figuras
03 e 04 – Edificações localizadas no Combes Alley com
aspecto descuidado.
Fonte: COUSINS, Frank. “Philadelphia, Pennsylvania, Combes
Alley, views”. (1865–1914). Disponível em: <https:// https://ark.digitalcommonwealth.org/ark:/50959/2b88sd54f/>.
Acesso em: 20 NOV 2020.
Porém,
felizmente uma dessas ruazinhas típicas ainda está perpetuada em algo parecido
com sua condição original. A rua Camac, conhecida como “rua dos pequenos
clubes", tornou-se uma das mais características da cidade - um
"bairro latino" tipicamente americano. As casas de dois andares e
meio com portas pitorescas e janelas de águas-furtadas se tornaram lar de
vários clubes que representam os melhores interesses artísticos da cidade.
Os
jardins (e as próprias casas) locais, foram restaurados e atualmente oferecem
excelentes salas de clube, exposições e palestras, ao mesmo tempo que preservam
alguns dos mais belos exemplos de um tipo de passagem rápida da arquitetura
americana inicial.
De
longe, uma das mais belas residências de tijolos da cidade que permanece em
algo parecido com sua condição original é a chamada “Morris House”,
localizada no número 225 da South Eighth Street entre as ruas Walnut
e Spruce. Embora não tenha sida construída até o fim da luta pela
independência americana ter sido vencida, seu caráter é pré-revolucionário, mas
colonial em todo o seu estilo. Em elegância e distinção, sua fachada é
insuperável na arquitetura urbana americana (COUSINS; RILEY, 1920).
Ao contrário da maioria das casas da época e de sua localidade, sua alvenaria é composta pela alternância entre tijolos vermelhos e pretos e tem uma fachada dupla com duas janelas de cada lado de uma porta central, um intervalo de cinco janelas no segundo e terceiro andares e três águas-furtadas simples no telhado de duas águas acima. As janelas têm faixas superiores e inferiores de doze painéis com venezianas no primeiro e segundo andares, faixas inferiores e superiores com oito painéis menores sem venezianas no terceiro andar.
Figura
05 – Fachada da Morris House, datada do
século XVIII.
Fonte:
BOUCHER, Jack. “General view and west (front) elevation, after restoration”.
1972. Disponível em:
<https://www.loc.gov/pictures/item/pa0778.photos.138618p/>. Acesso em 20
NOV 2020.
Conforme
indicado pela pedra de mármore colocada na parede frontal do terceiro andar logo
abaixo da cornija, a casa foi iniciada em 1786 e concluída em 1787 por John
Reynolds.
Alguns
anos depois, foi comprado do xerife local por Ann Dunkin, que o vendeu em 1817
para Luke Wistar Morris, filho do capitão Samuel Morris. Desde então, ela permaneceu
na família Morris e seus moradores a mantiveram em ótimas
condições.
A
residência foi considerada um marco histórico nacional americano no ano de 1967
e atualmente é utilizada como hotel.
Figura
07 – Detalhe da fachada da Morris House.
Fonte: JAFF, Allan. 2013. Disponível em: <https://whyy.org/articles/look-up-colonial-house-reborn-as-a-boutique-hotel/>.
Acesso em 20 NOV 2020.
REFERÊNCIAS
BANVILLE, Laurence.
“The Reynolds-Morris House in 2012”. Disponível em:
<http://www.mrestaurantphilly.com/2012/07/05/reynolds-morris-house/>.
Acesso em 20 NOV 2020.
BOUCHER, Jack. “General
view and west (front) elevation, after restoration”. 1972. Disponível em: < https://www.loc.gov/pictures/item/pa0778.photos.138618p/>.
Acesso em 20 NOV 2020.
CHESNEY,
Sarah. The Encyclopedia of Greater Philadelphia. “Bartram’s Garden”. Rutgers
University, 2017. Disponível em:
<https://philadelphiaencyclopedia.org/archive/bartrams-garden/>. Acesso
em: 20 NOV 2020.
COUSINS, Frank.
Philadelphia, Pennsylvania, Combes Alley, views. (1865–1914). Disponível em:
<https:// https://ark.digitalcommonwealth.org/ark:/50959/2b88sd54f/>.
Acesso em: 20 NOV 2020.
COUSINS, Frank; RILEY,
M. Riley. The Colonial Architecture of Philadelphia. 1920.
HEINTZELMAN, Patricia.
“National Register of Historic Places Inventory”. 1974. Disponível em: <https://npgallery.nps.gov/NRHP/GetAsset/NHLS/67000020_text>.
Acesso em: 20 NOV 2020.
JAFF, Allan. 2013.
Disponível em:
<https://whyy.org/articles/look-up-colonial-house-reborn-as-a-boutique-hotel/>.
Acesso em 20 NOV 2020.
“The Highlands Mansion & Gardens”. (s.d).
Disponível em: <https://www.highlands
historical.org/>. Acesso em: 20 NOV
2020.
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