ARQUITETURA HIGH TECH: a influência de grandes nomes da arquitetura em um estilo arquitetônico tecnológico e funcional

 tecnologia. arquitetura futurista. funcionalidade.

SOUZA, Luiz Eduardo Aguiar de


A arquitetura High Tech é um estilo que surgiu na década de 1970, sendo ela uma tendência que interliga o período Moderno e o Pós-moderno. Nesse período foi incorporado elementos da indústria de alta tecnologia na arquitetura, apresentando uma influência da arquitetura industrial com arquitetura futurista e mantendo o tom cinzento muito utilizado na arquitetura modernista. 


Neste movimento, que serve de ponte entre o modernismo e o pós-modernismo, observa-se que as preocupações estéticas diminuem e que a importância dada à função das estruturas aumenta. Durante a fase de construção, destaca-se a tendência para a procura de novos métodos. O desejo de mostrar intensamente a indústria e a cultura industrial e a importância dada à proeminência da técnica constituíram a infra-estrutura intelectual do movimento High-Tech (SOYLUK et al., 2020)


Sendo assim, esse estilo visa dar prioridade para o funcional, desprezando um pouco a estética do mesmo. Ademais, ele apresenta uma arquitetura que busca inovar e utilizar novos métodos de construção, ou seja, ele possui influências da indústria, entretanto, utiliza uma tecnologia mais avançada da que era implantada antigamente.

Figura 1. Arquitetura High Tech tem como um de seus principais materiais o vidro.

Fonte: BOSE, 2018.

Esse movimento busca utilizar cores neutras, como o cinza e o branco, além de ter como seus principais materiais o vidro e o metal.

Como definição mais básica, High-Tech é um estilo que rejeita os métodos tradicionais e visa desenvolver técnicas de construção para além do tempo sem formar quaisquer associações com estilos passados. Os materiais de construção característicos são o vidro e o metal. O estilo visa controlar o contexto urbano em vez de harmonizar com o ambiente e criar soluções de design de uma forma que dê a sensação de que os edifícios ainda não estão concluídos.  Neste movimento, os sistemas convencionais de construção monolítica pesados e volumosos foram rejeitados; o objectivo é transferir os desenvolvimentos na indústria para o processo de produção de edifícios.  Os edifícios de alta tecnologia são caracterizados como edifícios leves, flexíveis e fáceis de construir, que são renováveis, fáceis para acompanhar a evolução das condições, e são construídos utilizando métodos amovíveis. (SOYLUK et al., 2020)


Ou seja, além da grande utilização do metal e do vidro, a arquitetura High Tech visa utilizar uma e demonstrar uma sensação de leveza em suas obras. Ademais, seus materiais leves são fáceis de serem trabalhados, são renováveis e podem ser construções amovíveis, ou seja, que podem ser modificadas.


Apesar de todos os seus conceitos radicais e experimentos iniciais, o legado duradouro da arquitetura de alta tecnologia é o estilo elegante de globalização e capitalismo tardio desenfreado - de sedes corporativas, aeroportos, centros de conferências e, mais recentemente, de portos espaciais. (ASTBURY, 2019)


Essa tecnologia visa o funcionalismo extremo, fazendo com que meios de produção e circulação sejam totalmente facilitados. Com base nisso, as principais características dessa arquitetura seriam: Funcionalidade, usabilidade, praticidade, leveza das construções, simplicidade e clareza das formas. Entretanto, essas características faz com que a visão estética seja desprezada, apesar de que esse estilo arquitetônico agrade o gosto das pessoas. Ademais, construções de edifícios industriais, armações de mais e vedações de vidro são características desse estilo.


Metais para todos os lados, cores amarelo e vermelho indicando atenção e perigo, tubos de aço percorrendo todo o entorno do edifício. Até parece que estamos descrevendo uma fábrica, mas essas são algumas das marcas registradas da arquitetura high-tech. [...] O desenho industrial, as chapas em metais e o perfil robusto dão as caras no estilo marcado pela high-technology. O emprego de materiais avançados, em uma época marcada pelas evoluções tecnológicas no mundo, trouxe o carimbo dessa arquitetura mundial. (ANDRADE, 2019)


Além do uso de cores neutras, a arquitetura High Tech ainda apresenta como uma de suas características o uso das cores vermelho e amarelo, pois essas cores são muito utilizadas em construções industriais, visto que elas são extremamente chamativas e podem servir como uma espécie de “alerta visual”.

Figura 2. Renault Distribution Centre, em Swindon, na Inglaterra, projetado por Norman Foster.

Fonte: ASTBURY, 2019.


O arquiteto de estilo High Tech vê a arquitetura como um ramo da tecnologia industrial. Ele não reivindica privilégios sociais ou artísticos. Ele deseja que seus edifícios sejam julgados pelos mesmos critérios de desempenho que qualquer uma das outras ferramentas da vida cotidiana. Ele deseja que sejam funcionais e eficientes, não artísticos ou simbólicos. [...] Mas há uma ambigüidade aqui. A arquitetura, ao que parece, nunca pode ser puramente funcional, não importa o quanto tente. O edifício típico de alta tecnologia simboliza e representa a tecnologia em vez de simplesmente usá-la da maneira mais eficiente possível. Pode ser mais barato e rápido construir uma parede de tijolos que suporte carga, mas o arquiteto de alta tecnologia sempre preferirá a estrutura de aço e o peso leve painel de metal (DAVIES, 2017)

 

Sendo assim, a visão dos arquitetos desse período era de projetar edifícios da mesma forma em que se busca projetar objetos do cotidiano. Sendo assim, uma de suas características era de pensar em construções que fossem fortes e resistentes, mas ao mesmo tempo fossem leves e fáceis de serem transportadas.

A arquitetura High Tech contou com a presença de grandes arquitetos e urbanistas, como Norman Foster (vencedor do Prêmio Pritzker de 1999), Renzo Piano (vencedor do Prêmio Pritzker de 1998), Gianfranco Franchini, Nicholas Grimshaw, Wendy Cheesman e Richard Rogers (vencedor do Prêmio Pritzker de 2007). Este último produziu obras extremamente relevantes nesse período, sendo considerado como um dos principais nomes da arquitetura do Século XX.


Como um dos principais expoentes do movimento high-tech britânico, Richard Rogers, se destaca como um dos arquitetos mais inovadores e distintos de sua geração. Rogers fez seu nome nas décadas de 1970 e 1980, com edifícios como o Centro Georges Pompidou em Paris e a sede do Lloyd 's Bank em Londres. Até hoje, seu trabalho lida com motivos semelhantes, utilizando cores vibrantes e elementos estruturais aparentes para criar um estilo reconhecível, mas altamente adaptável. (STOTT, 2020)

Figura 3. Centro Georges Pompidou, em Paris, na França, projetado por Richard Rogers e Renzo Piano.

Fonte: STOTT, 2020.

Outro arquiteto muito influente nesse período foi Norman Foster. O mesmo defendia que os edifícios deveriam ser leves e práticos, como Foster (1969) escreveu na revista BP Shield “Vastas áreas em breve serão fechadas com estruturas espaciais leves ou membranas de plástico infláveis [...] O controle climático total é viável; as regiões polares podem ser tropicalizadas e as áreas desérticas resfriadas”. Esse pensamento era totalmente revolucionário, entretanto, poucos projetos saíram do papel, visto que essa era uma visão que estava muito à frente daquela época.

Figura 4. Cúpula Reichstag, em Berlim, na Alemanha, projetada por Norman Foster.

Fonte: ASTBURY, 2020.


Além de Richard Rogers e Norman Foster, um outro arquiteto que teve grande importância para esse estilo foi Renzo Piano, outro ganhador do Prêmio Pritzker. 


O arquiteto italiano frequentemente cita a leveza e a transparência como as qualidades mais importantes de sua obra, qualidades essas que muitas vezes se estendem à linguagem estrutural. Da forma elegante e irregular de The Shard ao teto flutuante da Fundação Beyeler, os elementos são projetados para parecer monumentais e leves. [...] Piano também vê a arquitetura como um dever cívico a ser levado a sério. Ele é um otimista, confiante na capacidade dos edifícios de incorporar bons sistemas de valores e melhorar a vida das pessoas ao seu redor. Para Piano, o espírito de alta tecnologia se manifesta por meio de sua ambição de sempre encontrar a resposta mais racional para um briefing arquitetônico. (FREARSON, 2019)


Esse trecho de Amy Frearson mostra o quanto Renzo Piano e outros arquitetos desse período se preocupavam com a criação de sistemas funcionais e que ajudam a melhorar a vida das pessoas ao redor e dentro de seus edifícios, buscando sempre se basear na arquitetura mais racional possível.

Figura 5. Destaque para o edifício “The Shard”, em Londres, na Inglaterra,  projetado por Renzo Piano.

Fonte: CILENTO, 2009.


Sendo assim, é evidente que a arquitetura High Tech foi um estilo totalmente inovador, que contribuiu bastante para o avanço da arquitetura mundial e que contou com grandes arquitetos que são renomados pelo mundo inteiro, que inclusive servem de influência para os arquitetos atuais. Outro ponto a se destacar é a funcionalidade que esses projetos possuíam. Além disso, é perceptível que esse estilo foi muito importante para a construção industrial, visto que a mesma serviu de influência para a arquitetura High Tech.

REFERÊNCIAS


ANDRADE, Pedro. Arquitetura high-tech: o que é e como ela altera a maneira de interagirmos com as cidades. 2019 Disponível em: <https://archtrends.com/blog/arquitetura-high-tech-o-que-e-como-e-como-ela-altera-maneira-de-interagirmos-com-as-cidades/> . Acesso em 18 dez. 2020.



ASTBURY, Jon. Norman Foster is high-tech architecture's international figurehead. 2019. Disponível em: <https://www.dezeen.com/2019/11/11/norman-foster-high-tech-architecture/> . Acesso em 18 dez. 2020.



BOSE, Shumi. A Look at the Late-20th Century "High Tech" Architecture Movement. 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com/896544/a-look-at-the-late-20th-century-high-tech-architecture-movement> . Acesso em 18 dez. 2020.



CILENTO, Karen. The Shard / Renzo Piano. 2009. Disponível em: <https://www.archdaily.com/33494/the-shard-renzo-piano?ad_source=search&ad_medium=search_result_all> . Acesso em 18 dez. 2020.



DAVIES, Colin. High Tech Architecture. Virtual Book, 2017. Disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org/5d59/af4ace550da1d17edac17d779fecfe9a0556.pdf> . Acesso em 18 dez. 2020.



FREARSON, Amy. Renzo Piano is the Italian high-tech architect. 2019. Disponível em: <https://www.dezeen.com/2019/11/26/renzo-piano-high-tech-architecture/> . Acesso em 18 dez. 2020.



SOYLUK, Asena; et al. Evaluation of high-tech architectural movement from 20th century to today in terms of construction materials and structure. Virtual Book, 2020. 

Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/340925628_EVALUATION_OF_HIGH-TECH_ARCHITECTURAL_MOVEMENT_FROM_20TH_CENTURY_TO_TODAY_IN_TERMS_OF_CONSTRUCTION_MATERIALS_AND_STRUCTURE> . Acesso em 18 dez. 2020.



STOTT, Rory. Richard Rogers, One of the Leading Architects of the British High-Tech Movement. 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com/405538/happy-birthday-richard-rogers > . Acesso em 18 dez. 2020.



Comentários

Postagens mais visitadas