CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA MILITAR NA IDADE MÉDIA
Palavras-chaves: Imponente. Muralhas.
Fortificações.
Nome: Hellen Karoline Brito
Fernandes
A arquitetura militar foi uma das
mais imponentes na Idade Média, mas apesar disso, seu método construtivo era
semelhante ao das construções existentes no período. Possuíam algumas
ornamentações das quais também eram empregadas em igrejas, mosteiros, etc., e
buscavam sempre criar uma construção defensiva. Na época, os arquitetos de
várias regiões eram responsáveis por diversos departamentos e construções
diferentes, ou seja, não havia as limitações que existem hoje em relação as
responsabilidades técnicas de cada profissão, o arquiteto podia ser o
engenheiro ou o pedreiro, poderia estar responsável por igrejas ou muralhas,
não haviam limitações (CORROYER, 1893).
Em algumas regiões ainda não
existem restrições, já que para eles a ciência e a arte são inseparáveis. O
engenheiro moderno está preocupado com questões matemáticas e ignora aquilo que
não pode ser calculado e o arquiteto, por mais habilidoso que seja, está fadado
a categoria de decorador. O termo engenheiro na idade média se referia a
questões diferentes das que são usadas atualmente. Na época, ambas as
profissões tinham características diferentes, pois o arquiteto construía e o
engenheiro, destruía, o arquiteto construía muralhas e grandes torres e o
engenheiro, com suas invenções e máquinas de guerra, as enfraquecia ou, as
defendia. Ou seja, era o seu dever ser o defensor ou o destruidor de tudo o que
o arquiteto concebia, com isso, mostra que o termo engenheiro era diferente do
utilizado nos dias de hoje (CORROYER, 1893).
As fortificações, antes do
período feudal, possuíam paredes feitas geralmente de barro e além disso, eram
duplas e tinham um espaço entre si que era preenchido com terra ou pedregulhos
e em seguida, nivelavam a parte superior da muralha que passava a ser utilizada
como caminhos. Além das muralhas haviam torres que eram utilizadas para
vigilância e defesa (CORROYER, 1893).
Em grande parte dos casos, a
locação das cidades seguia o modelo romano, no qual o terreno era elevado para
ficar próximo ou maior que à altura das muralhas, com isso, tinha-se uma visão
melhor de quem se aproximava, em possíveis casos de ataque. Além das muralhas e
torres, haviam as torres de menagem que eram locadas em pontos estratégicos e
ficavam mais altas que as torres normais e eram utilizadas para vigiar o
inimigo (figura 1). Os arquitetos se inspiravam em construções militares dos
cruzados, no Oriente, já que as pessoas se orgulhavam dos castelos, pois
conseguiram conquistar vários territórios e manter suas obras intactas
(CORROYER, 1893).
Figura 1: Torres de menagem, cidade de Carcassonne
Fonte: CORROYER, Édouard (1893). |
O interessante era que as
características das construções militares variavam conforme a região e algumas,
acabavam sendo inspiradas em construções de outras regiões, de acordo com a sua
funcionalidade. Com isso, pode-se dividir as construções em duas classes:
aquelas que eram semelhantes aos castelos franceses, possuíam torres redondas e
cortinas intermediarias com ameias estilo francesa, modelo parecido com os
castelos franceses dos séculos XI e XII; As fortalezas sírias, que possuíam
paredes duplas que eram rodeadas por torres, semelhante as construções gregas; as
circunferência dupla na forma das torres que serviam como barreira caso os
invasores derrubassem os primeiros obstáculos – modelo emprestado nos
bizantinos; colocavam machicolagens de pedra no lugar de estruturas de
madeira para garantir maior resistência as estruturas – esse elemento foi
mantido na arquitetura militar francesa até o final do século XIII; inserção do
tálus, elemento que servia como apoio a base da torre, garantindo a
estabilidade da estrutura em casos de ataques ou até mesmo terremotos
(CORROYER, 1893).
Já as construções de segunda classe possuíam algumas características diferentes, pois se baseavam na escola dos cavaleiros templários (figura 2 e 3). Nesse caso, as torres não eram redondas, mas sim quadradas ou oblongas e além disso, eram maiores que as cortinas; possuíam circunferência dupla e eram separados por valas preenchidas com águas. As paredes internas formavam um reduto que era maior que a parte externa. Nesse, eram locados alguns ambientes, como salão, capelas, etc.; havia apenas uma entrada no espaço, tal qual era protegida estrategicamente. Outra observação era que essas estruturas eram voltadas para norte e oeste e as cortinas nessa região eram arredondadas e possuíam uma estrutura contínua de machicolagens (CORROYER, 1893).
Figura 2: Fortaleza De Kalaat-El-Hosn Na Síria
Fonte: CORROYER, Édouard (1893). |
Figura 3: Fortaleza De Kalaat-El-Hosn Na Síria
Fonte: CORROYER, Édouard (1893). |
Até meados dos séculos XIII e XIV
o Oriente tinha influência sobre o Ocidente, como é possível observar em
algumas construções na cidade de Carcassonne. Após a conquista dos visigodos, a
cidade passou a ser fortificada e sua extensão aumentou significativamente. No início
do século XIII não havia circunvalação, pois não era tão importante devido ao
tamanho e importância da cidade, mas já no reinado de Louis, a circunvalação
passou a ser necessária, devido as proporções que a cidade estava crescendo.
Nesse período também começaram a executar mais construções com caráter
defensivo, - a fortificação de Carcassonne possuía arcos duplos semelhante as
fortalezas construídas na síria (CORROYER, 1893).
Também é possível observar
influencias orientais na Aigues-Mortes. A circunvalação e as machicolagens
erma semelhante as construídas pelos cruzados na síria. Alguns aspectos da
comuna francesa sofreram inspirações italianas e é possível constatar no
formado da planta das torres dos francos que eram quadradas. Alguns arquitetos
preferiam a torre redonda, pois era mais segura em casos de ataque, já outros,
preferiam as retangulares, pois achavam que eram mais seguras em casos de
assalto devido os ângulos das laterais (CORROYER, 1893).
Já as muralhaas de Avignon
aparentavam seguir os métodos construtivos italianos. É possível identificar
isso ao analisar as cortinas, que eram rodeadas por torres quadradas e aberta
para a cidade e o parapeito das muralharas eram amontoados e possuíam machicolagens
para ajudar na defesa da cidade (CORROYER, 1893).
No século XIII as paredes das torres da muralha (figura 4) eram feitas de madeira (figura 4, letra A), essas eram suspensas e projetadas para fora das muralhas. Infelizmente, eram elementos frágeis, já que eram facilmente incendiados durante as batalhas. Por causa disso, inventaram um novo tipo de galeria suspensa, tal qual foi executada com pedras (figura 4, letra B), além disso eram sustentadas com um parapeito (CORROYER, 1893).
Figura 4: Modelos de galeria suspensa
Fonte: CORROYER, Édouard (1893). |
Ainda é possível observar
fragmentos de edificações destruídas na guerra nas novas edificações do século
XIV. A torre, localizada na vila no cume da rocha, ainda está em perfeito
estado. Suas paredes são coroadas com machicolagens feitas de acordo com
os novos métodos de aglomeração das defesas (CORROYER, 1893).
No século XV, devido aos avanços
nas ferramentas de guerras, alguns sistemas tornaram-se insuficientes, sendo
necessário realizar modificações nas muralhas, principalmente após a utilização
de armas de fogo na guerra. As muralhas passaram a ser substituídas por
bastiões, espécie de terraço utilizada para as baterias durante a guerra. A
partir disso, as machicolagens tornaram-se apenas elementos decorativos,
tais quais deixavam de existir nos séculos posteriores. Além disso, devido aos
grandes progressos na ciência miliar, a arquitetura deixou de ter grande
destaque, já que com o tempo nada era capaz de combater as ferramentas de
batalha.
REFERÊNCIAS
CORROYER, Édouard. Arquitetura
gótica. Disponível em: <https://www.gutenberg.or
g/files/54701/54701-h/54701-h.htm#Page_269>.
Acesso em: 22 NOV 2020
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